EU E VOCÊ FAZEMOS PARE DA GERAÇÃO MAIS DOENTE QUE JÁ EXISTIU | CONSTELAÇÃO FAMILIAR - LEIDIANE MELLF
- Leidiane Mellf
- 12 de jun.
- 4 min de leitura

Eu e você fazemos parte da geração mais doente que já existiu. Você já parou para pensar que nós fazemos parte da geração mais doente que já existiu?
Não é exagero. Nunca se falou tanto em ansiedade, depressão, pânico, insônia, burnout. Nunca se consumiu tantos remédios para lidar com a mente. Nunca estivemos tão cheias de diagnósticos, tão exaustas, tão sobrecarregadas. E ainda assim… tão desconectadas de nós mesmas.
Mas o que ninguém nos contou é o que isso realmente significa. E é sobre isso que eu quero falar com você hoje. Porque eu sei que, se você chegou até aqui, é porque sente essa dor. E talvez, assim como eu já senti, você também esteja cansada de procurar solução onde não tem cura.
Vamos olhar juntas pra isso?
Somos a geração que corre atrás de tudo: sucesso, corpo perfeito, produtividade, relacionamentos equilibrados, saúde emocional, boas escolhas… Mas tem uma coisa que a maioria de nós não aprendeu: a parar. A sentir. A olhar pra dentro.
Cuidamos do corpo, da alimentação, da mente… fazemos terapias, meditamos, buscamos autoconhecimento. E ainda assim, tem algo que pesa. Sabe o que é?
É a dor que ninguém vê. Aquele peso silencioso que você carrega todos os dias. Que nem sempre tem nome, mas que te faz acordar cansada, duvidar de si mesma, se sentir sozinha mesmo rodeada de pessoas, chorar sem saber por quê… Essa dor é a somatória de muitas histórias. E nem todas começaram com você.
Talvez você nunca tenha escutado isso, mas a gente não adoece do nada. Por trás de cada sintoma, existe um contexto. Existe uma história.
Quando o corpo grita, é porque a alma já está cansada de sussurrar. Muitas vezes, estamos tentando curar feridas que começaram antes mesmo da gente nascer. E não estou falando de vidas passadas, apesar de que o que vivemos ao longo dos tempos também conta, mas em especial hoje estou falando da nossa ancestralidade. Da nossa família. Da linha do tempo que veio antes da gente.
Carregamos as dores das mulheres que não puderam gritar. Das que foram silenciadas, abusadas, que viveram sem direitos, sem espaço, sem voz. Mulheres que aprenderam que sentir era fraqueza, que cuidar de si era egoísmo, que se expressar era perigoso.
E também carregamos as dores dos homens que foram obrigados a se calar. Que foram ensinados a serem fortes, duros, invulneráveis. Que engoliram o choro, reprimiram o medo, e que esconderam a sensibilidade. Homens que também foram feridos pela guerra, pela ausência, e pelas exigências sociais.
E de avós e bisavós que viveram guerras, abusos, pobreza e repressão. Que sobreviveram em vez de viver. E que, de forma inconsciente, passaram adiante esse fardo emocional. Porque tudo aquilo que não é resolvido, é repetido. Somos a geração que mais busca ajuda — e ainda assim continua perdida. Por quê?
Porque não é só psicológico. É sistêmico. É espiritual. É ancestral. É a bagagem invisível que vive atrás de nós. São lealdades que nos fazem repetir padrões, adoecer, fracassar nos relacionamentos, perder dinheiro, se sabotar, se esconder.
Sabe quando você percebe que está repetindo exatamente o que criticava na sua mãe? Ou vivendo o mesmo abandono que o seu pai viveu? Ou se sabotando toda vez que começa a prosperar, igual aconteceu com os seus avós?
Isso se chama lealdade invisível. Um movimento inconsciente de amor. Como se disséssemos: “eu também carrego isso por você”. Mas aqui entra algo importante: não estou dizendo que é culpa dos nossos ancestrais. Muito pelo contrário.
Eles fizeram o melhor que podiam. Eles sobreviveram. E graças a eles, nós estamos aqui.
Mas é nossa responsabilidade olhar para essas dores que seguem vivas dentro de nós. Mesmo que a ferida não tenha começado com você, a cura pode sim começar aí. E isso é libertador. Porque a partir do momento que você entende que carrega algo que não é seu, você pode escolher não carregar mais. Como fazemos isso?
Primeiro, parando de buscar culpados. Não se trata de apontar o dedo pra mãe, pro pai, pros avós. Se trata de olhar. De reconhecer o que foi vivido, o que ficou guardado, o que nunca pôde ser dito. De dar lugar aos excluídos, aos segredos, às dores negadas.
E é aí que a constelação familiar entra como um farol. Porque ela não busca culpados. Ela busca ordem, pertencimento e equilíbrio. Ela nos ensina a olhar para a origem dos nossos sofrimentos, com respeito e verdade. A ver o que estava invisível. A acolher aquilo que tentamos evitar por tanto tempo.
Depois, vem o passo mais importante: acolher a sua própria história. Sabe aquela tristeza que parece não ter explicação? Aquela sensação de inadequação que te acompanha desde a infância? Aquela autossabotagem que aparece toda vez que você tenta dar um passo novo? Elas têm raízes. E muitas vezes, essas raízes estão lá atrás. No sistema familiar.
Talvez você tenha vindo de uma linhagem onde o amor era dor. Onde amar significava perder, sofrer, abandonar. Talvez tenha aprendido que não podia ser feliz demais, nem ter mais do que os outros. Talvez, lá dentro, exista um medo de trair os seus se você for livre demais. Esses emaranhamentos não são racionais. Eles são emocionais, energéticos, inconscientes. E por isso são tão difíceis de perceber sozinha.
Mas existe saída. Existe caminho. A constelação é um deles. Mas também é possível começar agora, com perguntas simples, como:
O que eu repito sem perceber?
O que na minha história se parece com a história da minha mãe? Da minha avó?
Que dor eu estou tentando compensar?
O que eu estou carregando por amor?
O que eu posso soltar, mesmo que ainda me doa?
Quando você se propõe a olhar com verdade para essas perguntas, a vida responde. As peças vão se encaixando. As dores vão ganhando nome. E aquilo que parecia impossível de entender, começa a fazer sentido. A cura não está em fugir da dor. Está em acolher. Em dizer: "eu vejo você". Em dizer: "isso pertence". Em dizer: "agora eu deixo com quem é". E então, seguir leve.
Você não precisa carregar o que não é seu. Nem viver com o que pode ser curado. Seu sistema te trouxe até aqui. Agora, a escolha é sua. Se isso tocou algo aí dentro, talvez seja hora de olhar com mais profundidade para você.
Se quiser, eu posso te ajudar. Vem fazer sua constelação familiar comigo. Você não está sozinha. É hora de cuidar de você.
Com carinho,
Leidiane Mellf
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