top of page

DOCES NO PERÍODO MENSTRUAL? DESCUBRA PORQUE VOCÊ SENTE TANTA VONTADE DE COMER DOCES NO PERÍODO MENSTRUAL - ANÁLISE SISTÊMICA | LEIDIANE MELLF



ree

Sabe aquela vontade de um docinho no meio da tarde, mesmo depois de já ter comido? Parece simples… mas, às vezes, é o jeito mais silencioso que o corpo encontra de pedir carinho. Um desejo doce que não vem do estômago, mas do coração. E mesmo sem perceber, você procura consolo num bombom, numa fatia de bolo — como se fosse possível adoçar o que a vida amargou por dentro.


E no meio da TPM ou nos primeiros dias da menstruação, isso aparece com força. Como se aquela barra de chocolate, ou aquele doce fosse a única coisa capaz de trazer algum tipo de consolo. Mas será que é mesmo só sobre o doce? Ou será que tem algo mais profundo pedindo para ser visto?


Hoje, eu quero conversar com você sobre isso — mas não do jeito que a internet costuma explicar, falando só de hormônios, serotonina ou desequilíbrio. Eu quero te levar para outro lugar… Quero te convidar a escutar o que o seu corpo está tentando te contar quando grita por açúcar. Porque essa vontade repentina, que chega como uma onda, pode ser muito mais do que um simples desejo. Ela pode ser o eco de uma carência antiga. Um pedido da sua alma para que você se acolha, se olhe, se priorize, cure e cicatrize as feridas ainda abertas no seu coração. Uma tentativa de suavizar dores que nem sempre você consegue nomear. E talvez, ao olhar para isso com mais profundidade, você comece a perceber que o que você está buscando não é um doce qualquer. É um colo que não veio. É um afeto que faltou. É um cuidado que o mundo esqueceu de oferecer — justo quando você mais precisava.


Quando você rasga a embalagem daquele chocolate ou cede ao desejo por um doce, talvez não seja só o açúcar que você busca. Pode ser, na verdade, um gesto de cuidado, um momento de pausa, um refúgio no meio do caos. Por trás dessa vontade aparentemente simples, existe uma mulher exausta, que só deseja um tempo para si mesma. Que precisa de silêncio, descanso, acolhimento. Uma mulher que não está pedindo muito, mas que só quer sentir que pode baixar a guarda sem medo de ser julgada. Que pode ser simplesmente humana, e que, finalmente, pode ser cuidada.


Esse é o tempo da Mulher Selvagem. E quando falamos da Mulher Selvagem, estamos nos referindo a uma parte muito profunda e verdadeira que existe dentro de todas nós. Essa parte está conectada à natureza — à terra, à lua e aos ciclos naturais da vida, que incluem nascimento, crescimento, morte e renascimento. Ela é instintiva, poderosa e verdadeira, longe das regras e expectativas que o mundo impõe.

.

E quando essa mulher "sangra" — ou seja, quando ela está neste momento do seu ciclo menstrual — ela sente uma necessidade forte de se retirar para um lugar seguro, uma “caverna” que não é um lugar físico, mas um espaço simbólico. Um espaço onde ela pode se permitir respirar fundo, fechar os olhos, e simplesmente ser. Sem precisar agradar ninguém, e sem a obrigação de ser produtiva, de sorrir ou de controlar tudo ao seu redor.

.

Nessa caverna simbólica, essa mulher quer ser compreendida em sua fragilidade e instabilidade, e acolhida em suas emoções intensas que às vezes nem ela mesma entende. Ela quer que respeitem o ritmo natural dela, sua “sabedoria cíclica”, mesmo quando ela se sente confusa ou vulnerável. É esse espaço de aceitação, respeito e acolhimento que ela busca — e que muitas vezes o mundo não oferece.

.

Vivemos numa cultura que exige linearidade de um corpo que é espiral. Um mundo que valoriza constância, mas despreza as pausas. Que exige lógica, mas não sabe lidar com a sensibilidade.


Mas quando o mundo não dá esse colo… Quando ninguém nos ensina a honrar esse tempo de recolhimento… O corpo e o emocional ferido tentam encontrar, de algum jeito, um alívio. E às vezes, é no doce que esse alívio parece possível. O açúcar vira um consolo simbólico. O doce vira símbolo do doce que faltou. O doce do colo que não veio quando você chorava sozinha no quarto. O doce da presença que você não teve quando precisava ser vista e não foi. O doce da mãe que também estava exausta, da professora que não soube te entender, da vida que te ensinou a calar e seguir. Por isso, o desejo por doces no período menstrual não é fraqueza. É memória emocional. É o corpo tentando se auto acolher. É a alma tentando te lembrar do que foi negado e do que ainda pode ser recuperado.

.

Miranda Gray, ao estudar os arquétipos do ciclo menstrual, chama a fase pré-menstrual de o tempo da Feiticeira. A Feiticeira é intuitiva, profunda e poderosa. É a guardiã dos mistérios. Mas também é aquela que nos coloca frente a frente com as partes não resolvidas da nossa história — com as sombras da psique, e com as feridas que ainda doem em silêncio. Ela não carrega as sombras da alma — porque a alma é luz. Ela nos mostra as sombras da nossa experiência humana. Traz à tona o que foi esquecido, reprimido e negado. Ela nos entrega, como um espelho, tudo aquilo que ainda precisa ser olhado com coragem e amor. É por isso que, nesse período, as emoções se intensificam. É como se a alma dissesse: “olha pra isso, filha. Tá na hora de curar.”


Então, quando essa fase chega, tudo o que foi engolido ao longo do mês — os nãos que não demos, as vezes que silenciamos, e os cansaços ignorados voltam. E o corpo, esse oráculo da alma, começa a pedir doce. Não só pela química — embora haja sim uma queda de serotonina e uma vontade biológica de açúcar. Mas também por algo muito mais simbólico: a busca por um afago.

.

Um exemplo real… Um dia, em um círculo de mulheres, uma delas compartilhou que chorava escondida no banheiro da empresa, comendo uma barra de chocolate. Disse que sabia que não era fome. Era tristeza. A mãe dela sempre foi exigente, rígida. Nunca disse “você pode descansar”. Nunca disse “vem aqui, deita no meu colo”. Mas ela sempre deixava um doce na mesa. E o corpo aprendeu: doce é o gesto de amor possível, o único sinal de cuidado disponível. Não era um abraço. Não era colo. Não era presença. Era açúcar. E, por isso, até hoje, quando a dor aperta, é isso que o corpo pede. Não pelo sabor… mas pela memória do afeto que veio disfarçado de sobremesa.


Inclusive, aproveitando aqui esse exemplo dessa minha cliente com sua mãe, quero aproveitar para explicar que, normalmente, a alimentação está diretamente ligada à nossa relação com a mãe. Foi pelos seios dela — ou pela ausência deles — que nosso corpo aprendeu o que era nutrição. E não só a nutrição física, mas também a emocional. O primeiro alimento veio do vínculo. Se esse vínculo foi ferido, instável ou distante, a criança cresceu com um vazio que nenhuma comida é capaz de preencher.


Muitas mulheres, ainda hoje, sentem fome… mas não é de comida. É fome de mãe. Fome de afeto. Fome de acolhimento sem exigência. Fome de um “eu estou aqui pra você” que talvez nunca tenha vindo. E quando a relação com a mãe foi marcada por silêncios, rejeições sutis ou por um amor condicionado ao bom comportamento, o alimento pode ter se tornado a única forma possível de receber amor — ou de silenciar a dor. É por isso que, nos dias em que sangramos, essa fome simbólica pode voltar com força. O corpo não está apenas pedindo açúcar… ele está pedindo a doçura que faltou no início da vida.


Da próxima vez que aquela vontade intensa por doce chegar, antes de se culpar, se julgar ou prometer “daqui pra frente vou controlar”, pare um instante. Feche os olhos, coloque as mãos no ventre e pergunte com gentileza a si mesma: “O que, dentro de mim, está pedindo por doçura? Que parte da minha história precisa ser vista e curada?” Então, acolha essa resposta com amor, dizendo: “Eu te vejo, minha dor. Eu te vejo, minha querida criança. E agora, eu te abraço e te acolho. Mamãe fez o suficiente, e o que te faltou ou o que poderia ter sido diferente, agora eu faço por você”.


Coma o doce, se quiser. Sem culpa. Sem guerra com o seu corpo. Mas coma com consciência. Com amor. Com escuta. E se puder… pare por um instante. E se pergunte: “O que é que eu estou realmente precisando agora?” Talvez seja um colo. Talvez seja poder chorar sem se explicar. Talvez seja deitar por 15 minutos com a mão sobre o ventre, só respirando. Talvez seja apenas alguém que diga: “Tá tudo bem sentir isso.” Porque o verdadeiro doce é quando você consegue estar inteira com você. Sem se apressar, sem se cobrar, e sem se calar. Presença não é fazer nada grandioso. É simplesmente ficar com você — como você gostaria que tivessem ficado, lá atrás. No tempo da dor, da carência, e no tempo em que ninguém soube te acolher como você precisava. Agora, você pode fazer isso por você, e isso muda tudo.


E se hoje você puder fazer diferente — mesmo que só um pouco — já será o começo de uma nova história. Talvez não dê pra curar tudo agora, e nem preencher todos os vazios. Mas você pode começar a escolher o que oferece a si mesma. Pode dar um passo em direção a uma nova forma de se cuidar. E lembrar que você não precisa mais pedir colo escondida atrás de um chocolate. Porque agora você cresceu. Agora você pode se acolher com gestos conscientes, com carinho maduro, com presença verdadeira. E isso é revolucionário.


Quando uma mulher aprende a se dar o que sempre esperou dos outros, ela se liberta. E nesse caminho, até o doce ganha um novo sabor — o da escolha, e não da carência. O do prazer, e não da compensação. O do amor, e não da ausência. Porque agora, ela já não come para se anestesiar, mas para se escutar. Não busca para preencher, mas para celebrar. Quando essa virada acontece, o alimento deixa de ser um substituto e passa a ser um companheiro. E cada gesto de autocuidado vira um sussurro para a alma dizendo: “eu estou aqui com você, agora.” Essa é a verdadeira doçura. Estar presente com o que sente, sem se abandonar. É olhar para dentro com coragem e dizer: não preciso mais mendigar amor, porque aprendi a ser casa para mim mesma. E isso… muda tudo. Porque quando uma mulher se torna casa, nenhuma fome a faz se perder. Ela honra seus ciclos, seus desejos, sua dor e sua luz. E mesmo quando o mundo não oferece colo, ela aprende a se embalar com as próprias mãos. E ali, encontra a força que sempre esteve nela.


Com carinho,

Leidiane Mellf @leidianemellf


#período menstrual


Comentários


Atendimento Online e Presencial

Uberlândia-MG

Florianópolis-SC      

e

whatsapp-logo-1.png

 (48) 99809-0732

  • Instagram
  • YouTube
bottom of page